Estruturas permanentes e temporárias para sair da crise!
Por PINIweb.com.br
Apesar de a abertura oficial ser apenas na sexta-feira (27),
Londres inicia hoje os Jogos Olímpicos. É a terceira vez que a capital inglesa
abriga o evento, que em 1908 foi o emblema de seu auge econômico, em 1948,
símbolo da esperança e da recuperação pós-guerra, e neste ano está cercado pelo
fantasma da crise econômica.
Os Jogos Olímpicos têm a força de concentrar esforços e
investimentos para alavancar a economia de uma cidade - ou criar grandes
elefantes brancos, sem nenhum retorno à sociedade. Londres, este ano, apostou
na reciclagem e no transitório para deixar seu legado. Investiu, por exemplo,
na zona Leste da cidade, uma região menos próspera que o Centro, com o objetivo
de regenerá-la. Esta zona - que inclui a região portuária - carece de moradias,
parques, centros de educação, saúde e esportivos, e a expectativa de vida é
cinco anos menor do que o lado oeste londrino.
Se muitas instalações serão efêmeras - apenas quatro
edifícios irão permanecer após os Jogos: o Velódromo (Hopkins Architects,
Téchne 166), o Centro Aquático (Zaha Hadid, AU 211), o Pavilhão de Handball
(Make) e o Estádio Olímpico (Populous) -, há investimentos nessa região feitos
para seu desenvolvimento. Retirou-se a fiação aérea, construíram-se novas
plantas para energia sustentável, além de novas ruas, infraestrutura e o Parque
Rainha Isabel, desenhado pelo paisagista George Hargreaves. Após os Jogos, os
espaços vazios devem receber moradias, muitas de interesse social.
Dos quatro edifícios que devem permanecer, apenas o
Velódromo não terá seu uso reduzido para atender à nova - e menor - demanda
pós-Jogos. O centro aquático de Zaha Hadid, por exemplo, terá as duas caixas
laterais retiradas, deixando-se ver melhor as linhas sinuosas da arquiteta, com
a cobertura que, segundo Zaha, lembra os movimentos do nadador. O estádio foi
construído para evoluir com o tempo. O sistema construtivo é leve e concebido
para ser montado ou desmontado, de acordo com as necessidades. Assim, poderá
acolher os 80 mil expectadores da cerimônia de abertura e depois chegar a um
mínimo de 25 mil assentos. A cobertura foi resolvida de forma econômica: dois
anéis, um de tração e um de compressão, tensionam uma cobertura têxtil
autoportante.
A flexibilidade é o ponto crucial do pavilhão de handball,
com sete mil lugares que, com seus 15,5 mil m2 e graças a um sistema de assentos
removíveis, pode ser utilizado para outras partidas, como pentatlon (4,5 mil
lugares) e futebol para cegos (seis mil). E se, por fora, parece um bloco
hermético, por dentro destaca-se a luz natural vinda por 88 claraboias de 4,5 m
de profundidade.
A maioria dos edifícios temporários possui peles sintéticas
suportadas por pórticos desmontáveis de aço - o maior deles é o de basquete
(Wilkinson Eyre Architects), uma caixa de 30 m de altura revestida de painéis
de PVC brancos, com um jogo tridimensional que anima a fachada.
O escritório de arquitetura Populous, que assina o Estádio
Olímpico, também foi responsável por várias estruturas temporárias distribuídas
pela cidade, muitas vezes adaptando locais já existentes. É o caso da quadra de
vôlei de praia, instalada no espaço de desfile da guarda, na área central, que
também abriga cerimônias no dia da Rainha. Há ainda um espaço temporário para
abrigar eventos equestres no Royal Greenwich Park, assentos temporários no
Lord's Cricket Ground para receber competições de arco e flecha, além da
construção de cinco arenas temporárias no centro de conferências Excel London,
para eventos de boxe.
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